quarta-feira, 10 de março de 2010

Serra da Mata da Onça.. e que onça.

O trecho abaixo  foi extraído do manuscrito guardado a tempos, do livro que escrevi sobre minha viajem ufológica a Minas Gerais. Baseado no meu diário de viagem o manuscrito é mais que uma lembrança de minhas aventuras pela saudosa Minas, mas serve também como uma leitura para os novos pesquisadores de campo, onde através de minhas desventuras, erros e acertos eles podem ter uma chance de ter mais êxito onde eu não tive. Aqui mostro que nem sempre o convite para uma vigília pode ser uma atividade tranquila e positiva. Vai depender do conhecimento do pesquisador em fatores como o estudo anterior do local onde vá realizar a pesquisa de campo e principalmente quema comanda.
O nome de algumas pessoas foi abreviado neste manuscrito, pois não tenho autorização para publicá-los... E alguns até nem faço vontade de fazê-lo.



Diário de viagem - RS/MG
19-06-2006


Ainda estou em Itaúna. Vamos a Serra da Mata da Onça ver as cachoeiras e investigar umas aparições de "periféricos" ( como chamam as sondas ufológicas por aqui). Com uma aparência esférica esse pequeno objeto aparece ora prateados refletindo a luz do Sol ora iluminados por uma luz própria. Parecendo ter a função de investigar o local esses artefatos aparecem só ou acompanhados por outros semelhantes. Devo citar o caso Capão Redondo onde podemos ver uma filmagem magnífica da evolução de um desses "periféricos". Neste caso aparece quatro minutos e meio de filmagem impressionantes. A evolução de uma pequena esfera no céu e sobre os telhados das residências permite verificar que é algo desconhecido. Começou por volta das 21h e 30 min. e terminou por volta das 22horas, mas o pouco que foi filmado é o suficiente para verificar que se trata daquilo que a Ufologia tem registrado como sonda ufológica.

Confesso que não estou animado para essa aventura em meio a mata fechada. Mas o PC está insistente, talvez queria me presentear com uma vigília nas montanhas Mineira, depois de todo o trabalho que passei por aqui. Mas não vim de espírito preparado para fazer uma jornada será acima. Me encontro cansado e como o calor que faz aqui em pleno inverno preferia ficar no hotel e descansar um dia inteiro.
Deixei o escotismo para trás em umas férias da atividade mateira, e que foram providenciais no meio do caos que estava meu grupo de Escotismo. Estava ali em Minas como um pesquisador.
Enfim prometi conhecer a Ufologia de Minas...então vamos lá.


CANABIS


A subida começara e eu resolvi passar ao PC minha mochila . Senti que ela estava muito pesada. Além dela eu carregava mais uma outra sacola e um farnelzinho com garrafas d'água. Senti que não iria aguentar subir aquela serra toda com excesso de peso. PC estava apenas com uma bolsa a tiracolo, então dividimos o pêso entre nós.
O primeiro erro: Contra todas as minhas regras de campo deixei o PC trazer essa barraca do século passado com lona pesadíssima e tubos de ferro. Mas mais tarde ví que valeu o esforço.
Avançamos devagar a subida e a mata começava a se fechar. Após uma parada para recolher água de uma vertente. Meu guia se mostrou conhecedor do lugar em que nos encontrava e seguia confiante após encontrarmos um muro que segundo ele era algo que datava antes do descobrimento do Brasil. Um dos motivos que ele achava
que atraía os tais periféricos. Não consegui fazer uma relação entre sondas e esse achado arqueológico.


Era por volta das 16h e 30 min. quando comecei a perceber que estávamos andando em círculos próximos ao topo da serra. Fiquei irritado com isso e resolvi comentar com o meu companheiro. Mesmo assim ele teimou em continuar, para mim já estava na hora de retornar, pois ainda poderíamos pegar a luz do dia.
Após mais de uma hora girando no mesmo lugar a noite veio, os galhos de capim alto que tinha uma resina colante em seu corpo me açoitavam sem piedade, a cada passo me enroscava nesses capins que eram maiores que nós, a vegetação se fechava cada vez mais e escuridão era o pano de fundo.
A lembrança de um quarto fresco, com um bom banho no Hotel me veio a mente diversas vezes fazendo com que meu conceito sobre essa empreitada ficasse cada vez mais negativo.
Por fim PC constato que estávamos perdidos. NÃO LEMBRO O QUE ME PASSOU PELA CABEÇA NAQUELE MOMENTO, MAS ACREDITO QUE NÃO ERA NADA BOM.

E.S.A.O. Estacione, sente-se, alimente-se e oriente-se. Esse ensinamento escoteiro é perfeito para quem está perdido em qualquer circunstância. Sempre ensinei isso para meus escoteiros: "Lembrem, quando estiverem perdidos... E.S.A.O.!!!
Nunca pensei que eu teria que usar essa técnica. Nos assentamos no chão que era uma pedra enorme, lenticular. A mata se fechava em nosso redor e em cima o capim fazia um telhadinho. Procurei ver o que tínhamos para comer e enfim, descansado comemos algumas bolachas e uns pães de queijo. Foi nesse momento que veio a revelação que faltava numa situação que já passava de difícil.
- Rafa - disse-me o PC - Eu fumo canabis!
Após uns segundos de silêncio ele continuou.
- Vi logo que você era um cara legal, meu amigo e achei que deveria te contar.
Não foi uma coisa muito legal de ouvir ali, mas piorou.
- Tudo certo, não sou careta....afirmei.
-Então, vou dar um pega, pra me acalmar. Saca? Preciso me orientar.
Perdido no meio da Serra da Mata da Onça, a noite, com um guia cheio de marofa na cabeça. Segundo erro: deixar alguém que tu não conhece bem te levar para um lugar mais desconhecido ainda...e o que pode ser pior o cara usuário de CANABIS.
- Num esquenta Rafa - continuou ele- Vou fazer um ritual para os seres a mata, meus anjos e aí vamos sair dessa.
Enquanto ele fazia seu ritual xamânico enrolando a "marofa na ceda", eu comia uma fatia de geleia de mocotó e tentava me orientar observando o pouco de céu que tínhamos ali.
Levantamos e o PC já doidão queria seguir em frente em linha reta, o que nos levaria a um declínio entre um morro e outro da serra, mais fechado e perigoso ainda. O morro a frente era onde deveríamos estar afirmou ele. Ali seria onde os tais "periféricos" apareciam e supostamente tinha uma plataforma abaixo de uma antena. Calculei uns 7km de onde estávamos, pois podíamos ver entre o capim alto a tal antena.
Nesse momento o chefe escoteiro veio a tona.
- Negativo, vamos subir ao topo do morro onde nos encontramos, Possivelmente encontraremos um local mais aberto e montaremos um acampamento para passar a noite.
Esse é o momento que devemos tomar as rédeas das circunstâncias e fazer com que o bom senso nos leve. Jamais iria entrar mata densa adentro a noite numa incursão com um guia cheio de fumaça na cabeça e desorientado. Seria o fim da minha viagem.
- A quanto tempo tu não vonhas aqui? - perguntei
- A uns vinte anos!
Sem comentários aqui.
Seguimos então para o norte, para cima. Encontramos um local bom para montarmos a tal barraca e fazer um fogo. Esse tipo de coisa faz amenizar a aflição de saber que você está realmente perdido.

Pensei na minha real situação ali cercado de mata selvagem, no centro do Brasil e o nome do lugar me martelava cada vez mais a cabeça: Mata da ONÇA, Mata da ONÇA.

Após a montagem da base, sentei-me a fogueira e comecei a fazer um pequeno churrasco. Espetei a carne e tranquilizei-me. PC já estava no segundo "torpedo" de fumaça, abriu um vinho e assentou-se ali na fogueira também. A conversa ficou boa e rimos um bocado. Ele da situação e eu daquela figura que brotara direto dos anos 70, o verdadeiro maluco beleza. Fizemos o primeiro churrasco mineiro/gaucho, pois espetei os pães de queijo junto e a combinação foi especial. Volta e meia percebi que estávamos sendo observados por pequenos olhinhos na mata escura. Comemos logo a carne a fim de não atrair animais indesejados. Ali tinham lobos e estes desistiram de nos roubar a comida ou de nos transformar em sua janta. Acho que a marofa do PC era forte demais e espantou até os mosquitos. Lembrei-me de Fernanda em casa, como gostaria de estar em casa.
Mas sou uma pessoa da natureza e vivi boa parte de minha vida buscando esse tipo de atividade. Resolvi aproveitar e fazer a vigília ali mesmo.

Foi quando percebi que estava nublado... é claro.

Nossa base no topo do morro...no fima velha barraca nos protejeu bem a noite.

O segundo Morro, nosso verdadeiro objetivo a 7 Km de onde estávamos

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